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Diretores da BHP podem ser presos por financiar ação no STF contra municípios no caso Mariana

Data: 24/07/2024 - Autor: Revida Mariana

Diretores e executivos da BHP Billiton podem ser presos após municípios atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), provarem nos tribunais ingleses que a empresa planejou e concordou em pagar R$ 6 milhões para financiar uma ação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) no Supremo Tribunal Federal. 

Diretores da BHP podem ser presos por financiar ação no STF contra municípios no caso Mariana
Diretores da BHP podem ser presos por financiar ação no STF contra municípios no caso Mariana (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Essa ação tem o objetivo de impedir as prefeituras de seguirem com os processos de reparação adequados no Reino Unido, e foi ajuizada no dia 11 de junho deste ano no STF. A BHP é ré em uma ação coletiva no Tribunal Superior de Londres movida pelo Pogust Goodhead. O escritório internacional representa mais de 600 mil vítimas do rompimento da barragem do Fundão.

Entre os reclamantes, estão indivíduos, mais de 20 mil indígenas e quilombolas, 46 municípios e aproximadamente 1,5 mil empresas, autarquias e instituições religiosas. Somadas, as indenizações chegam a R$ 230 bilhões (US$ 44 bilhões). O julgamento está marcado para iniciar em outubro de 2024, em Londres.

Na última segunda-feira (22), a juíza O’Farrel, responsável pelo caso, assinou uma ordem judicial que proíbe a mineradora, ou qualquer uma de suas subsidiárias ou agentes, de seguir com apoio à ação do IBRAM no STF, inclusive financeiramente. Caso a ordem não seja cumprida, diretores e executivos da BHP podem ser acusados de desacato ao tribunal e estarem sujeitos à prisão, multa ou congelamento de ativos.

Ainda de acordo com a ordem judicial, a mineradora também terá que solicitar ao IBRAM para que desista de medida cautelar no Brasil que tem o objetivo de restringir a comunicação dos municípios com os advogados na ação inglesa. 

Entenda como BHP planejou e financiou ação

Revida Mariana
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Em 11 de junho, o IBRAM entrou com uma ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF, questionando a participação de mais de 50 municípios brasileiros em litígios na Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Holanda – com a justificativa de que estes representariam uma ameaça à soberania nacional. 

Os municípios reagiram então com um pedido de liminar à Corte inglesa, com provas do envolvimento da BHP na investida do IBRAM. A peça apresentada pelas prefeituras cita atas do conselho do IBRAM, datadas de 23 de maio, nas quais está registrado que a própria BHP solicitou que o instituto acionasse o STF para contestar a possibilidade de municípios brasileiros reivindicarem ações judiciais no exterior sobre casos ocorridos no Brasil, especialmente no caso do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana. 

Cerca de três semanas depois, o IBRAM entrou com a ação. Após a ADPF ser protocolada, os municípios questionaram a BHP sobre o envolvimento com o processo. Inicialmente, a mineradora, por meio de advogados do escritório Slaughter and May, negou qualquer relação, informando em carta que “não participaram da decisão do IBRAM de iniciar a ação”. 

Já em 10 de julho, porém, a Vale – que havia se tornado ré na ação inglesa por iniciativa da BHP – expôs a mineradora australiana ao apresentar um depoimento em que Alexandre D’Ambrosio, vice-presidente Executivo de Assuntos Corporativos Institucionais da Vale, afirma ter recebido em abril um telefonema de Emir Calluf Filho, vice-presidente Jurídico para Américas da BHP, para informá-lo da intenção da BHP em solicitar ao IBRAM a abertura da ADPF. 

Ambrosio também revelou que o presidente do instituto, Raul Jungmann, o informou previamente sobre o assunto. Três dias depois de protocolar o depoimento de Ambrosio, a Vale fez um acordo com a BHP para deixar de ser ré na ação inglesa. Confrontada com as evidências apresentadas dos municípios, a BHP admitiu ter concordado em financiar a ação do IBRAM no valor de R$ 6 milhões e concordou com as condições sugeridas pelos municípios sem resistência.

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