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Cem dias: julgamento do crime socioambiental em Mariana terá início em outubro

Data: 29/06/2024 - Autor: Revida Mariana

A luta por justiça pelo crime socioambiental em Mariana (MG) entra em contagem regressiva para o início do julgamento das mineradoras Vale e BHP Billiton, em Londres. Marcado para outubro deste ano, exatamente 100 dias a partir deste sábado (29), os mais de 700 mil atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão terão a oportunidade de buscar reparação adequada pelos danos sofridos.

Campanha 100 dias
Julgamento do crime socioambiental em Mariana terá início em outubro

Com o mote “9 anos de impunidade, 100 dias para fazer justiça”, a campanha Revida Mariana, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), intensifica ações e busca mobilizar sociedade civil, movimentos sociais, ativistas, organizações não-governamentais e a imprensa brasileira para acompanhar o caso de perto. Uma carta-manifesto está disponível no site da campanha, o revidamariana.com.br, para reunir assinaturas em favor da causa.

Mobilizações no estado

Ato do MAB em Governador Valadares
MAB fez nova manifestação para reivindicar participação popular no acordo de repactuação (Foto: Stephanne Biondo/MAB)

Durante manifestação realizada na última quinta-feira (27), em Governador Valadares (MG), Thiago Alves, da coordenação nacional do MAB, defendeu mais uma vez a importância da escuta dos atingidos nos acordos de repactuação. “O nosso dinheiro, o dinheiro dos atingidos, não pode ir para a mão dos governos. Não pode voltar para a mão das empresas. Tem que ir para as famílias atingidas por meio de programas investidos na nossa região, que gera emprego e renda, que revitalize o meio ambiente e que nos dê condições de desenvolver essa região”, disse.

O protesto, que aconteceu na porta da reunião do Comitê Interfederativo (CIF), que fiscaliza a Fundação Renova (criada pelas mineradoras para reparar os danos do crime), reuniu cerca de 150 pessoas atingidas. Essa foi a segunda mobilização do MAB esse mês para cobrar participação popular nas mesas de negociação para ressarcir municípios e pessoas atingidas pela tragédia.

Ato do MAB em Governador Valadares
Parte do grupo participou de reunião no Comitê Interfederativo (Foto: Stephanne Biondo/MAB)

Além disso, o movimento luta para assegurar o direito das vítimas do crime socioambiental de buscar justiça em outros tribunais, após tentativas das mineradoras e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) de impedir o processo judicial em Londres.

Inicialmente, as mineradoras solicitaram uma liminar em caráter de urgência para impedir a judicialização do caso em tribunais no exterior. No entanto, o pedido foi rejeitado pelo ministro Flávio Dino, que encaminhou a questão diretamente ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, a ação será julgada por 10 dos 11 ministros da Corte, uma vez que Cristiano Zanin se declarou impedido de analisar o caso.

Lula diz que Vale não quer pagar

Lula em entrevista
O presidente Lula criticou a Vale em entrevista à imprensa de Minas Gerais, onde cumpriu agenda (Foto: Ricardo Stuckert)

Na sexta-feira (28), o presidente Lula criticou a Vale em entrevista à imprensa de Minas Gerais, onde cumpriu agenda. O presidente disse que a empresa ‘estava enrolando’ para pagar a dívida aos afetados de Mariana e Brumadinho. Lula também afirmou que irá pessoalmente visitar a bacia do Rio Doce. “Eu quero ver o estrago que a Vale fez no Rio Doce e o estrago que ela fez em Mariana e que ela não quer pagar”.

Com a proximidade do julgamento em Londres, os atingidos pelo crime socioambiental do rompimento da Barragem de Fundão estão esperançosos na busca por justiça e reparação. “Confiamos na seriedade do governo Lula com o acordo de repactuação, mas reafirmamos que uma reparação justa e integral só será possível ouvindo os atingidos e atingidas. Acordos sem a participação são modelos fadados ao fracasso e à ineficácia. São quase dez anos de espera por justiça e a hora de garanti-la é agora!”, reforçou Thiago Alves, do MAB.

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