Em Mariana, MAB protesta contra exclusão dos atingidos na implementação do Acordo do Rio Doce
Data: 25/11/2024 - Autor: Revida Mariana
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fez um ato em Mariana (MG), na manhã desta segunda-feira (25), durante cerimônia oficial com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O protesto aconteceu em frente ao local do evento, na Praça Minas Gerais, já que o grupo de atingidos não foi autorizado a acompanhar a cerimônia. O encontro tratava da distribuição de recursos de reparação com o novo acordo de Repactuação pelo rompimento da Barragem de Fundão. Cerca de 70 pessoas participaram da manifestação, que terminou por volta das 12h30.
“Nós fomos impedidos de entrar. Vão falar das nossas vidas e não podemos participar”, disse Simone Silva, líder quilombola da comunidade de Gesteira, que fica em Barra Longa. Participaram do ato atingidos de diversas localidades, incluindo Bento Rodrigues, Barra Longa, Rio Doce, São José do Goiabal, São Domingos do Prata, São Pedro dos Ferros, Galileia, Tumiritinga e Governador Valadares.
Na ocasião, os manifestantes exigiram participação direta e efetiva em todas as etapas relacionadas à execução do novo acordo. O MAB defende que as prioridades sejam as comunidades diretamente atingidas, especialmente aquelas com pessoas que ainda não foram reconhecidas, não receberam reparações ou enfrentam problemas de saúde, perda de renda e outras consequências do crime.
Os atingidos também denunciaram a exclusão contínua das decisões, um padrão recorrente que se manteve antes, durante e após as negociações do novo acordo. Além disso, o grupo denunciou mais uma vez a recente absolvição das mineradoras responsáveis, destacando que, mesmo 9 anos após o desastre, a justiça brasileira ainda não responsabilizou devidamente as empresas pelos crimes ambientais e humanos cometidos.
“Os atingidos vão continuar lutando por justiça seja no Brasil, ou fora dele, como na justiça inglesa. Nove anos depois, ainda lutamos para sermos ouvidos. Não queremos apenas acordos assinados. Queremos decidir como reconstruir nossas vidas e preservar nossas histórias”, disse Letícia Oliveira, integrante da coordenação nacional do MAB.
Os manifestantes também criticaram as propostas do governo estadual de realizar consultas públicas online sobre a destinação de recursos, como a duplicação de rodovias em Minas Gerais. Segundo os atingidos, a consulta deve ocorrer presencialmente e com a participação direta das comunidades atingidas, para garantir que as decisões reflitam as reais prioridades das populações. No ato, os manifestantes exigiram ainda o cumprimento das Políticas Nacional e Estadual das populações atingidas (PNAB e PEAB), que garantem a participação popular no processo de reparação sobre crimes de rompimento de barragens.