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MAB critica cláusulas que obrigam atingidos a desistirem de ação na Inglaterra para receber indenizações pela Repactuação: ‘Covardia’

Data: 30/10/2024 - Autor: Revida Mariana

Menos de uma semana após assinatura do acordo de Repactuação de Mariana (MG), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem a público denunciar uma cláusula que obriga as vítimas a desistirem da ação inglesa. Na terça-feira (29), veículos de imprensa expuseram um trecho do acordo que condiciona o recebimento das indenizações individuais, e dos municípios, à extinção definitiva de qualquer outro processo relacionado ao rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 2015.

Projeção em prédio de Belo Horizonte aconteceu na última segunda-feira (21)
Projeção em prédio de Belo Horizonte aconteceu na última segunda-feira (21); Repactuação foi assinada na última sexta (25)

O trecho do acordo de Repactuação, divulgado na última sexta-feira (25), diz o seguinte: “a adesão a este ACORDO pelos municípios ou a participação nas iniciativas indenizatórias individuais pressupõe a desistência, retirada e/ou extinção das ações judiciais ajuizadas no exterior com pedidos formulados em decorrência do ROMPIMENTO” (página 16 do documento). Joceli Andrioli, integrante da coordenação nacional do MAB, critica duramente a cláusula em questão.

“A posição do MAB é muito clara quanto ao valor das indenizações individuais propostas. Elas são totalmente irreais e insuficientes para a realidade do dano causado durante 9 anos pelo crime da Vale e BHP Billiton na bacia do Rio Doce e litoral capixaba. E essas cláusulas de quitação exigindo retirar o processo na Inglaterra é um escárnio, é uma injustiça muito grande que mostra a covardia do judiciário brasileiro frente ao poder das mineradoras”, disse Joceli.

De acordo com ele, o MAB espera que essas cláusulas da Repactuação não sejam aceitas nem aqui no Brasil ou na Inglaterra. “Que o judiciário britânico possa avaliar que os atingidos foram aqui colocados contra a parede. É como se tivéssemos em um deserto, e tivéssemos a oportunidade de tomar um copo d’água. Mas esse copo d’água é um direito que a pessoa tem. Ele é uma entrada para não morrer de sede. Nós temos o direito de continuar tomando água. E, portanto, o Direito, ele precisa ser garantido”, completou.

Projeção em Brasília aconteceu no prédio da Biblioteca Nacional
Projeção em Brasília aconteceu no prédio da Biblioteca Nacional

O processo de responsabilização da BHP Billiton pelo crime de Mariana em Londres começou na última segunda-feira, 21 de outubro. A previsão é de que o julgamento seja encerrado em março de 2025. Já a sentença deverá ser proferida em junho desse mesmo ano. Mais de 40 municípios e 620 mil atingidos são autores da ação em Londres.

“Enquanto em Brumadinho a gente caminha para alcançar a justiça em termos de direitos ambientais e sociais individuais, aqui na bacia do Rio Doce acontece uma verdadeira injustiça”, disse Joceli ao comparar o crime de Mariana ao outro desastre ambiental ocorrido em Minas Gerais há 5 anos (2019). “É a tentativa de calar os atingidos de Mariana frente a busca pelos seus direitos individuais”, concluiu o integrante do MAB.

Prédio em São Paulo também recebeu projeção em prol de justiça por Mariana
Prédio em São Paulo também recebeu projeção em prol de justiça por Mariana
Atingidos da tragédia de Mariana acompanham julgamento da BHP, em Londres (Foto: Francisco Proner/MAB)
Atingidos da tragédia de Mariana acompanharam início do julgamento da BHP, em Londres (Foto: Francisco Proner/MAB)
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